quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Adorando sem intimidade? Como?






                    Que a paz do Senhor Jesus seja contigo amado leitor. Antes de começar a expor o que o Senhor colocou em meu coração, quero expressar aqui o meu desejo de que o ano de 2012 seja repleto de bênçãos e realizações para você e para todos os seus. Que a igreja de Jesus Cristo possa viver um ano de atitudes que façam a diferença em nossa comunidade e país e que juntos possamos aprender ainda mais como chegar aos pés do Senhor em adoração e louvor.    
                    Este final de ano para mim foi estarrecedor.  Nunca havia presenciado em meio a igreja de Cristo, tantas pessoas alheias a uma vida de intimidade com Deus através de sua palavra e das coisas que tocam Seu coração. Daí veio a pergunta: Como ser adorador sem intimidade? Como levar outros a adoração se não temos intimidade? Como levar Jesus aos que não O conhecem, se não sabemos nem ao menos valorizar a sua vinda a esta Terra de imundícies e perdição por nós?  Ninguém consegue expressar um amor muito profundo por alguém que não conhece.
                   Isso tudo denota uma falta de intimidade muito grande. Sem intimidade não tem adoração. Não adianta nem tentar. Não flui. As pessoas não têm buscado ao Senhor. Os adoradores são íntimos. Está escrito: “Eu amo os que me amam, e os que de madrugada me buscam me acharão” PV 8.17.  A adoração a Deus vai se manifestar em nossa vida na medida em que zelamos pela intimidade com Deus. Se buscarmos pouco, refletirá pouco. Se buscarmos muito, nos tornaremos ainda mais íntimos dele, conseguindo assim adorá-lo em verdade, pois O conheceremos.
                    Aos líderes de louvor faço uma pequena e importante observação: Durante o louvor congregacional, como passar segurança e certeza para o povo quando não se conhece aquele de quem se prega? Como levar pessoas a adorar alguém que você não conhece? Somente o talento em cantar e cativar as pessoas  não funciona. Esse talento pode ajudar você a levar pessoas a um lugar de adoração plena, mas, e você? O talento não te levará a este lugar. As pessoas poderão chegar lá através do seu talento, pois estão buscando por Ele, estão sedentas por mais de Deus. Somente com o talento, você jamais chegará a este lugar.  Precisa ser íntimo de Deus.
                    Faço aqui um convite a você, líder de louvor ou não, a buscar conhecer mais o Senhor, buscar essa intimidade que te fará adorar somente pelo fato de estar na presença dEle. Adorar significa prostrar-se na presença do Senhor, estar diante dEle com nossas vidas rendidas, entregues completamente. Eu creio que a igreja do Senhor é rica em dons, na música, na profecia, no cantar ao Senhor e penso que, devemos estar sempre prontos para abrir nossas vozes na presença do Senhor para manifestar sua glória, seu poder. 
                    Por isso amados, proponho a você sair deste comodismo e dizer ao Senhor: “Pai estou aqui. Quero te conhecer! Quero viver experiências com o Senhor, pois desejo te adorar em verdade”. Aceita fazer isso?! Tenho a certeza que, após desejar ser mais íntimo de Deus, sua vida irá mudar radicalmente. Somente assim você poderá ser conhecido e reconhecido como um verdadeiro adorador.  Feliz 2012! Vamos em frente!

Ósculos e amplexos!


sábado, 31 de dezembro de 2011

2012... QUAL O SEU SLOGAN ?



Por Hermes C. Fernandes

Todos os anos é a mesma coisa. Os líderes eclesiásticos anunciam a "palavra profética" que guiará seus ministérios durante o decorrer do novo ano. Geralmente são frases de efeito tais como "Ano da Dupla Honra", "Ano da Conquista", "Ano da Multiplicação", "Ano da Restituição", etc.

Eles bem que poderiam ser um pouco mais criativos, lançando frases como "Ano da Humildade","Ano do Amor ao próximo", ou "Ano do Perdão", e admitir que não se trata de palavras proféticas, mas tão-somente de slogans cujo objetivo é atrair o interesse das pessoas para os seus ministérios. Tudo não passa de marketing.

Mas quem se sentiria atraído por tais slogans? Quem está interessado em servir ao semelhante, perdoar os inimigos, andar humildemente? Todos querem mesmo é ter suas necessidades supridas, seus desejos saciados, seus sonhos realizados.

Enquanto isso, entidades seculares lançam campanhas de conscientização contra o racismo, a corrupção, a devastação do meio-ambiente, etc. A Igreja Católica, por seu turno, lança campanhas falando de solidariedade, fraternidade e até de ecologia.

Se a igreja evangélica não der uma guinada de 180 graus, vai acabar perdendo o pouco que lhe resta de credibilidade e pertinência.

O fato é que, tornamo-nos agremiações religiosas anacrônicas, centradas em seu próprio umbigo, indiferentes às demandas da sociedade. Só damos a cara a tapa quando o assunto é de ordem moral, como o homossexualismo. Não estamos preocupados com a corrupção crônica de nossa sociedade, nem com questões éticas e sociais. Nossas marchas são sempre com a intenção de demonstrarmos nosso capital político, a fim de barganharmos com os poderes constituídos. Não somos boca para os mudos, nem mãos estendidas para os excluídos.

As igrejas deixaram de ser voz profética em favor do oprimido, para tornarem-se franquias de ministérios megalomaníacos, cuja mensagem é pasteurizada, os cultos padronizados, e os obreiros (cópias fiéis de seus líderes) produzidos em série numa escala industrial. Por isso, sucursais (não congregações) pipocam a dois por um em todo território nacional.

O mundo nos menospreza, e não sem razão. Deveríamos nos envergonhar desse triunfalismo infantil e barato, voltando-nos para fora de nós mesmos, isso é, na direção do outro, de suas necessidades, de seus questionamentos.

Em Sua primeira aparição pública após o batismo, Jesus escolheu uma passagem das Escrituras e leu-a em plena sinagoga, usando-a como anúncio de intenção do Seu ministério:


"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para anunciar boas-novas aos pobres. Enviou-me para proclamar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, para libertar os oprimidos, e anunciar o ano aceitável do Senhor." Lucas 4:18-19

Infelizmente, fazemos uma leitura espiritualizada desta passagem, perdendo sua essência subversiva e revolucionária. Os pobres em questão não eram pobres espirituais, e sim vítimas daquele sistema corroído pela injustiça. Além de pobres, Jesus também os chama de cativos, cegos e oprimidos. Aquele era o anúncio da chegada de um novo tempo, chamado de "Ano aceitável do Senhor". Tratava-se da proclamação da chegada do Reino de Deus, em que vigoraria a graça, e que priorizaria os excluídos e marginalizados pelo sistema.

Acabando de ler essa passagem, Jesus "fechando o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Os olhos de todos na sinagoga estavam direcionados para ele. Então começou a dizer: Hoje se cumpriu esta Escritura que acabastes de ouvir" (vv.20-21).

Aquele "ano aceitável" ainda não terminou. Independentemente do calendário a que estamos submetidos, aquela palavra não perdeu sua vigência. É sob ela que a igreja cristã deve avançar, ignorando agendas políticas e ideológicas, e promovendo a subversão reinista.*

O problema não é adotarmos slogans, lemas anuais, ou coisa parecida. O problema é perdermos o foco, voltando-nos para nossos projetos pessoais em detrimento do projeto do Reino. A igreja Reina, à qual sirvo como bispo, também adota lemas anuais. O deste ano é "Escolhidos para acolher os esquecidos". Com este lema, queremos enfatizar o fato de que, se fomos escolhidos, não foi para viver em função de nós mesmos, e sim, para abraçar os rejeitados. A escolha soberana de Deus não deve ser vista apenas como um privilégio, mas como um voto de confiança. Porém, para nós, este não é o "Ano dos Escolhidos" ou coisa parecida. Mas continua sendo o "Ano aceitável do Senhor".

Espero que esta reflexão contribua para o amadurecimento da igreja cristã no Brasil.

Tenham todos um 2012 surpreendente, repleto de amor, sinceridade, perdão, fidelidade, e todas as virtudes impressas em nosso caráter pelo Espírito da Graça.

* reinista = alusivo ao reino de Deus