quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Ore até conseguir orar

                 O Dr. Moody Stuart, um grande homem de oração do passado, certa vez esboçou um conjunto de regras para orientá-lo em suas orações. Dentre essas regras, havia esta: 

“Ore até conseguir orar”.

                 A diferença entre orar até acabar e orar até conseguir orar é ilustrada pelo evangelista americano John Wesley Lee. Com frequência, ele comparava um tempo de oração com o culto prestado pela igreja, e dizia que muitos de nós terminamos a reunião antes que a reunião esteja terminada. Ele confessou que certa vez saíra de uma reunião de oração para cuidar de algum assunto urgente do seu trabalho. Ele ainda não tinha se distanciado do local da reunião, quando uma voz interior o repreendeu. “Filho”, parecia que a voz lhe dizia: “você não proferiu a bênção antes que a reunião acabasse?” Ele entendeu, e imediatamente se apressou de volta ao lugar de oração, onde permaneceu até que o fardo se fosse e a bênção descesse.
               O hábito de parar nossas orações antes de termos orado de verdade é tão comum quanto lastimável. Muitas vezes, os dez minutos finais podem significar mais para nós do que a primeira meia hora, porque precisamos gastar bastante tempo para entrar na disposição correta para orar com eficácia. Talvez precisemos lutar com nossos pensamentos para trazê-los de onde se encontram espalhados por causa da multidão de distrações que resultam de vivermos num mundo desordenado.
               Aqui, como em todos os outros assuntos espirituais, precisamos fazer clara distinção entre o ideal e o real. Seria ideal que vivêssemos de momento em momento num estado de tão perfeita união com Deus que não fosse necessária nenhuma preparação especial. Mas na verdade são poucos os que podem dizer honestamente que essa é sua experiência. A sinceridade forçará a maioria de nós a admitir que com frequência enfrentamos uma luta antes de conseguirmos fugir da alienação emocional e do senso de irrealidade que às vezes pousa sobre nós como uma espécie de disposição comum. 
               O que quer que um idealismo sonhador possa dizer, somos forçados a lidar com coisas daqui de baixo num nível de realidade prática. Quando nos chegamos para orar, se nosso coração estiver insensível e numa disposição não espiritual, não devemos tentar mudar essa disposição. Em vez disso, devemos reconhecê-la francamente e orar mesmo assim através dela até conseguirmos sair. 
              Alguns cristãos sorriem diante do pensamento de “orar mesmo assim através dela”, mas é possível encontrar algo dessa mesma ideia nos escritos de praticamente cada grande santo que orava desde Daniel até nossos dias. Não podemos dar-nos ao luxo de parar de orar enquanto de fato não tivermos orado.


Aiden Wilson Tozer

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Uma dose de Gálatas 5

A dissensão e a discórdia atuam na igreja de Cristo desde os primórdios e
 precisam ser combatidas pelo poder do Espírito Santo de Deus através da oração.

                   Que dor! Que sofrimento! Que tristeza! Tudo porque alguns na igreja estão inclinados a seguir por um caminho com "discórdias, dissensões, facções" (Gálatas 5.20). Geralmente são coisas que se associam para causar tristeza para o cristão e grande prejuízo ao corpo de Cristo. Quem nunca viu essas "obras da carne" trabalhando e se intrometendo nas várias igrejas de Cristo?
                  A discórdia é "vã ambição" com o objetivo de ganhar seguidores. Uma pessoa com o espírito de discórdia está tão tomada de seus desejos pessoais e ambições que para ela a pureza, a paz e a santidade da igreja podem ser sacrificadas. A discórdia exige uma "divisão" dos irmãos, e é improvável que alguém tomado desse espírito esteja disposto a ficar sozinho. Ele buscará outras pessoas para acompanhá-lo na separação, apoiando sua "posição" e criando facções sectaristas. O padrão é progressivo. A pessoa facciosa permanece em meio à igreja enumerando os seus seguidores. Essa postura, levada à conclusão lógica, traz divisão, a qual leva às facções estabelecidas, que buscam outras pessoas para integrar a sua "causa".
                 Nada há mais feio ou mais prejudicial do que aquele que professa ser um seguidor do Príncipe da Paz ao mesmo tempo que demonstra uma agressão voluntariosa contra os irmãos. Os que sectarizam a igreja como em "Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo" (1 Coríntios 1.12) são advertidos:

"Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá" (1 Coríntios 3.17).

                O cristão que se envolve com qualquer uma das obras da carne não apenas se fere, mas prejudica a igreja. As brigas levam à discórdia, as discórdias levam às dissensões e as dissensões levam às facções. 

O resultado é trágico: O avanço do evangelho é impedido, os fiéis são desencorajados, o irmão fraco é prejudicado e a desconfiança geral, a intranquilidade e dúvida predominam.  Mas, o que é mais triste, quase sempre, perdem-se almas!

                Quando o homem vai aprender que a palavra de Deus não reserva nada de bom para aqueles que têm em mente a "preeminência", os seguidores pessoais, a divisão entre os irmãos ou a formação de facções no corpo de Cristo? O Espírito Santo é inequívoco sobre esse assunto: "Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez" (Tito 3.10). "Noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos . . . afastai-vos deles" (Romanos 16.17).
              Seria bom que ficássemos avisados sobre algumas das coisas que podem levar à participação nessas impiedades. Nenhum de nós está imune contra a tentação de transformar a popularidade em orgulho, os elogios em transigência, o talento em tirania, as habilidades em vantagem e as aptidões em suposta superioridade. Alguns desejam ser mestres, "não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações" (1 Timóteo 1.7). Outras deviam ter crescido espiritualmente, mas não cresceram (1 Coríntios 3.1-3; Hebreus 5.12-14), permanecendo como crianças, carnais e sem desenvolvimento. Essa paralisia infantil cria um material ideal para o faccioso buscar um adepto.  Outros, com falta de coragem ou de convicções, dobram-se aos presbíteros teimosos, "dominadores dos que vos foram confiados" (1 Pedro 5.3), ou a algum Diótrofes autodesignado e servidor de si mesmo, a quem temem que vá expulsá-los da igreja (3 João 9-10).
                 "De onde me virá o socorro." Um apelo forte, firme e insistente para um "assim diz o Senhor" e para um compromisso pessoal com um ato autorizado, cada um de nós fazendo a nossa parte, fará muito para impedir a destruição da força e da unidade do corpo. 

 A indiferença, a frouxidão e a transigência da verdade contribuem para um sementeiro fértil para esses e outros erros ­ ao passo que a vigilância, o zelo junto com a convicção e a firmeza impedirão bastante o avanço deles em qualquer igreja ou indivíduo. 

                 Não é provável que qualquer pessoa que verdadeiramente "busque em primeiro lugar o reino de Deus (Mateus 6.33), que ame os santos, seus irmãos, "de coração . . . ardentemente" (1 Pedro 1.22) e que estime outros cristãos melhor do que ela (Filipenses 2.3) seja facilmente tomada pela dissensão, pela discórdia e pelas facções.  Isso seria incoerente!
                 Usando o plano de Deus, podemos acabar com tal iniquidade.  "Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor . . . se há entranhados afetos e misericórdias . . . penseis a mesma cousa . . . nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo" (Filipenses 2.1-4).

 A discórdia, a dissensão e as facções não podem ter sucesso num ambiente desse.
 Seja forte!

por Karl Diestelkamp - Pastor na Oak Grove Church Of Christ e com grifos meus.