sábado, 23 de setembro de 2023

Nos trilhos da salvação


"Um trem não pode ir aonde não há trilhos"


                      Aqueles que conhecem um pouco da história, ou mesmo, já passaram pelas cidades do interior do estado de São Paulo vão perceber que muitas delas são cortadas pelas linhas férreas. Muitas dessas linhas já estão desativadas e apenas as mais relevantes ainda mantém o trânsito de locomotivas, mas é inegável que o desenvolvimento de muitos munícipios foi impulsionado pelos motores a vapor das companhias Sorocabana, Paulista, Mogiana entre outras que trouxeram pessoas, recursos econômico, visibilidade turística e capacidade de escoamento de produção.
                     Resido hoje em uma cidade com esse perfil e antes dela, também morava em Bauru, onde o cruzamento férreo é rotina no trânsito. Observando os trilhos e o trem passando, fiquei refletindo sobre algumas similaridades que eles possuem com o nosso caminhar cristão.
                   Os trilhos são o primeiro elemento que reflete a Cristo e sua palavra. Um trem não pode ir aonde não há trilhos, e igualmente nós não possuíamos a capacidade de nos salvarmos, de trilhar um caminho até Deus, pois nossos pecados nos incapacitavam, mas Jesus Cristo veio ao nosso meio e construiu a via, sob dores e sangue, de forma que nós agora temos um meio de salvação. Esse trilho não foi construído com ferro e dormentes de madeira, mas foi construído com a cruz de Jesus e com a Palavra de Deus revelada, que é nosso guia, os trilhos por onde devemos andar imitando ao Filho até o Pai. Lembremo-nos do que Ele mesmo disse a seu respeito: “Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” João 14.6
                    A locomotiva é o segundo ponto que me fez pensar, pois os trilhos foram construídos não para serem um caminho onde as pessoas andam a pé e sozinhas, mas para ser suporte para algo que irá andar mais rapidamente e eficientemente. A Igreja de Cristo é a locomotiva do Senhor, que leva multidões a trilharem o caminho juntos, a alcançarem seu alvo juntos, e superarem longas distâncias juntos. “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem-ajustado e consolidado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio crescimento para a edificação de si mesmo em amor.” Efésios 4.15-16.
                    Quando entendemos o evangelho, para reconhecermos nosso estado de pecador e que o único meio até Deus é através de Jesus, recebemos a passagem para embarcar nessa locomotiva chamada Igreja, lá vamos seguindo, guardando os mandamentos para não descarrilharmos, chamando outros para o trem, felizes pois juntos fazemos a viagem ser prazerosa.
                    Por fim, percebi que há grandes prédios ao lado dos trilhos, algumas estações de trem, que servem como ponto de embarque e desembarque. O vagão em que estamos, a nossa igreja local, deve se atentar á essas estações, pois são importantes para trazer novos “passageiros”, mas o perigo é que há muitos vagões abandonados nas estações, que não estão nos trilhos, e seus tripulantes desembarcaram e não perceberam ainda que não estão mais viajando, que os trilhos não estão sob seus pés, que a locomotiva não está mais ligada ao seu vagão, que não é possível distinguir mais os que tem as passagens. As estações são pontos de ligação entre a igreja e o mundo, mas diferentemente dos trens que possuem vários destinos no meio do caminho, nossa locomotiva pretende levar todos á um só lugar, as “paradas” deveriam ser apenas para embarque onde os tripulantes deveriam sair brevemente para chamar outros passageiros e não lugar onde as pessoas desistem e abandonam o caminho. “Estou certo de que aquele que começou boa obra em vocês há de completá-la até o Dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1.6
                    Sei que minha comparação não é bíblica em sentido literal, e que possui várias limitações, mas gostaria que você refletisse comigo como está sua caminhada, sua igreja, seu compromisso com o perdido? Quero finalizar com um texto de Hebreus que diz assim: Portanto, não percam a confiança de vocês, porque ela tem grande recompensa. Vocês precisam perseverar, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcancem a promessa. "Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não irá demorar; mas o meu justo viverá pela fé; e, se retroceder, dele a minha alma não se agradará." Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição, mas somos da fé, para a preservação da alma. Hebreus 10.35-39



Keydhon Wilker Coldibeli
Seminarista no Seminário Teológico A.W. Tozer
Igreja Aliança Cristã e Missionária -Bauru/SP

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Ore até conseguir orar

                 O Dr. Moody Stuart, um grande homem de oração do passado, certa vez esboçou um conjunto de regras para orientá-lo em suas orações. Dentre essas regras, havia esta: 

“Ore até conseguir orar”.

                 A diferença entre orar até acabar e orar até conseguir orar é ilustrada pelo evangelista americano John Wesley Lee. Com frequência, ele comparava um tempo de oração com o culto prestado pela igreja, e dizia que muitos de nós terminamos a reunião antes que a reunião esteja terminada. Ele confessou que certa vez saíra de uma reunião de oração para cuidar de algum assunto urgente do seu trabalho. Ele ainda não tinha se distanciado do local da reunião, quando uma voz interior o repreendeu. “Filho”, parecia que a voz lhe dizia: “você não proferiu a bênção antes que a reunião acabasse?” Ele entendeu, e imediatamente se apressou de volta ao lugar de oração, onde permaneceu até que o fardo se fosse e a bênção descesse.
               O hábito de parar nossas orações antes de termos orado de verdade é tão comum quanto lastimável. Muitas vezes, os dez minutos finais podem significar mais para nós do que a primeira meia hora, porque precisamos gastar bastante tempo para entrar na disposição correta para orar com eficácia. Talvez precisemos lutar com nossos pensamentos para trazê-los de onde se encontram espalhados por causa da multidão de distrações que resultam de vivermos num mundo desordenado.
               Aqui, como em todos os outros assuntos espirituais, precisamos fazer clara distinção entre o ideal e o real. Seria ideal que vivêssemos de momento em momento num estado de tão perfeita união com Deus que não fosse necessária nenhuma preparação especial. Mas na verdade são poucos os que podem dizer honestamente que essa é sua experiência. A sinceridade forçará a maioria de nós a admitir que com frequência enfrentamos uma luta antes de conseguirmos fugir da alienação emocional e do senso de irrealidade que às vezes pousa sobre nós como uma espécie de disposição comum. 
               O que quer que um idealismo sonhador possa dizer, somos forçados a lidar com coisas daqui de baixo num nível de realidade prática. Quando nos chegamos para orar, se nosso coração estiver insensível e numa disposição não espiritual, não devemos tentar mudar essa disposição. Em vez disso, devemos reconhecê-la francamente e orar mesmo assim através dela até conseguirmos sair. 
              Alguns cristãos sorriem diante do pensamento de “orar mesmo assim através dela”, mas é possível encontrar algo dessa mesma ideia nos escritos de praticamente cada grande santo que orava desde Daniel até nossos dias. Não podemos dar-nos ao luxo de parar de orar enquanto de fato não tivermos orado.


Aiden Wilson Tozer