quarta-feira, 27 de setembro de 2023

OMISSÃO = FRACASSO


"Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes
exponham-nas à luz." Efésios 5.11

                          Há formas pontuais pelas quais o homem peca: por palavra, por atitude, por pensamento e por omissão. O pecado de omissão é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus ou, simplesmente, deixar de fazer o que Deus nos ordenou e ainda ordena hoje. A omissão é um pecado tão grave quanto transgredir ativamente o que o Senhor ordenou. Os pecados da omissão são potencializados pelo conhecimento.

QUAND O SABEMOS O QUE DEUS NOS ORDENOU EM SUA PALAVRA E DEIXAMOS DE CUMPRIR, PECAMOS!!

                    Tiago assim escreveu: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando.” (Tiago 4.17). Ele também explicou que não devemos ser apenas ouvintes da Palavra, mas também praticantes (Tiago 1.22). A palavra omissão significa “deixar de fazer ou de dizer algo; falta de ação no cumprimento de um dever”. Dessa forma, pecamos por omissão quando nos abstemos de fazer ou de dizer aquilo que deveríamos, isto é, lavamos as nossas mãos como fez Pôncio Pilatos (Mateus 27.24). O texto de Tiago acima citado é um alerta muito sério. Muitas vezes, somos reprovados diante de Deus tão somente porque deixamos de fazer o bem, aquilo que é correto, de nos posicionar, por não tomamos partido, não fazemos nada mediante as circunstâncias e simplesmente nos omitirmos.
                     Em I Samuel 2, encontramos o relato sobre Eli. Um sacerdote, servo do Deus de Israel, pacífico, que todavia, terminou seus dias em tragédia. Eli é um exemplo do que a omissão promove ao crente: fracasso. Onde ele se omitiu? No cuidado com a sua casa, com a sua família. O sacerdote foi omisso com os seus filhos. Os filhos de Eli não respeitavam o Senhor pois haviam perdido o temor a Ele. Temer a Deus não é ter medo, pois isso nos afastaria dele. Temê-lo é respeitá-lo, é reverenciá-lo, é obedecê-lo!
                     As Escrituras Sagradas dizem que “Eli, já bem idoso, ficou sabendo de tudo o que seus filhos faziam a todo o Israel e que eles se deitavam com as mulheres que serviam junto à entrada da Tenda do Encontro. Por isso lhes perguntou: Por que vocês fazem estas coisas? De todo o povo ouço a respeito do mal que vocês fazem.” (I Sm 2:22-23).  Tudo indica que, quando Eli tomou conhecimento dos atos pecaminosos de seus filhos, em vez de repreendê-los com rigor, com força, com rigidez, deu-lhes apenas “um tapinha” como costumamos fazer com as crianças inocentes após suas peraltices. Observe o que ele falou: “Não, meus filhos; não é bom o que escuto se espalhando no meio do povo do Senhor.” (I Samuel 2.24).            
                    Te convido a olhar para si mesmo neste momento, para uma rápida reflexão de seus atos, ou melhor, visualize aquilo para o qual  você tem feito “vistas grossas”, “virado as costas” como que expressando: “deixa pra lá”, “isso, não é tudo isso”, “não vou me indispor com essa pessoa”, “uma hora a coisa se acerta”, “ninguém vai perceber”, “nem é pecado”, e muitas outras formas de agir (ou não) perante as coisas erradas e circunstâncias adversas.

ISSO TE FAZ UM OMISSO! ISSO TE FAZ PECADOR!
VOCÊ SERÁ JULGADO E CONDENADO POR ISSO!

                       Nossas boas intenções não irão nos justificar diante de Deus se formos omissos e irresponsáveis com aquilo que o Senhor nos confiou. O Senhor te confiou uma família, discípulos, um ministério, uma missão... Cuide do que Ele te entregou! O Senhor nos levantou como atalaias na nossa geração e seremos cobrados se não cumprirmos a missão que Ele nos deu. Deus falou ao profeta Ezequiel quais eram os deveres do atalaia e aquilo que seria cobrado dele (Ezequiel 33.7-9). Atitudes levianas e superficiais para com o pecado sempre produzem conversões incompletas, geram espiritualidade superficial e afastam Deus. Se não compreendermos quão horrível é o pecado, e que é uma ofensa contra o Deus Justo e Santo, sentiremos pouca necessidade de uma mudança de coração, de atitude e postura, e geraremos pessoas assim, infrutíferas, rasas e infames.
                      A omissão de Eli se tornou sua ruína. Por sua fraqueza e omissão ele incorreu nestes erros que impactaram na eficácia de sua liderança, não somente sobre seus filhos, mas também sobre a Nação de Israel. Estes erros são capazes de abalar a liderança de qualquer pessoa que se recuse a tratar com rigor a impureza na vida de seus liderados. Precisamos evitar estes erros a qualquer preço.
                     Eli foi tolerante demais. Permitiu que pessoas em pecado assumissem posições de liderança em seu ministério. Hofni e Finéias, filhos do sacerdote, estavam servindo no templo e, no entanto, mantinham relações sexuais na entrada da Tenda do Encontro. Eles praticavam a imoralidade sexual no lugar onde as pessoas iam ouvir o Senhor. (I Samuel 2.22) Com isso eles levavam o povo a fraquejar, quebrando sua aliança com Deus. Suas consciências estavam tão cauterizadas que cometiam fornicação à vista de Deus e do seu povo! O Senhor é misericordioso e sempre nos dá um tempo para nos arrependermos antes de nos corrigir. O erro de Eli foi ter tolerado isso.
                      Eli era tímido demais. A timidez nos leva à inibição diante de situações novas ou de pessoas. Ela gera a falta de confiança e insegurança, nossa e mesmos e nos outros. Gera o receio e nos faz temerosos. ​Ao enfrentar esta situação de forma temerosa, Eli revelou sua própria falta de maturidade espiritual. Como é trágico ver um homem de Deus falhando de forma tão lamentável no final de sua vida, simplesmente por ter permitido que sua debilidade física o desqualificasse para o santo ministério. Nossa timidez de caráter não pode nos levar a uma atitude de omissão diante do pecado.               

 Eli demorou demais para tomar uma atitude. Quando finalmente se deu ao trabalho de repreender seus filhos, estes não lhe deram ouvidos. Era tarde demais! para tentar corrigir a impiedade de seus filhos. Talvez Eli pensasse que por serem filhos de um sacerdote e por terem crescido no templo, seus filhos serviam a Deus fielmente. Sem dúvida, a falha de Eli foi não ter exigido obediência quando estes ainda eram crianças. É provável que muito antes de se tornarem sacerdotes eles já haviam começado a escandalizar a nação com sua maldade. O pecado dos filhos de Eli era tão grande que as Escrituras nos dizem que o Senhor já havia                                                                                 decidido matá-los. (I Samuel 2.25)

                  Encerro com as seguintes indagações: Qual é meu papel no corpo de Cristo, na igreja, na minha casa, no meu trabalho? Fui chamado por Deus para ser discípulo, amigo, conselheiro, líder, pastor? De que maneira estou desempenhando o meu papel? Meu desejo é que você e eu vençamos as ardilosas tentativas do inimigo de nos fazer omissos perante aquilo que tem buscado transtornar a obra de Deus e impedir a glorificação do Senhor. Não pense duas vezes! Não se omita! Não “refugue” diante das circunstâncias destrutivas que possuam “uma carinha” de “não é nada importante”. A conta chegará e Deus é Justo Juiz: não deixará nada sem pagamento! Nem aqui e nem na eternidade.

Ósculos e amplexos!


sábado, 23 de setembro de 2023

Nos trilhos da salvação


"Um trem não pode ir aonde não há trilhos"


                      Aqueles que conhecem um pouco da história, ou mesmo, já passaram pelas cidades do interior do estado de São Paulo vão perceber que muitas delas são cortadas pelas linhas férreas. Muitas dessas linhas já estão desativadas e apenas as mais relevantes ainda mantém o trânsito de locomotivas, mas é inegável que o desenvolvimento de muitos munícipios foi impulsionado pelos motores a vapor das companhias Sorocabana, Paulista, Mogiana entre outras que trouxeram pessoas, recursos econômico, visibilidade turística e capacidade de escoamento de produção.
                     Resido hoje em uma cidade com esse perfil e antes dela, também morava em Bauru, onde o cruzamento férreo é rotina no trânsito. Observando os trilhos e o trem passando, fiquei refletindo sobre algumas similaridades que eles possuem com o nosso caminhar cristão.
                   Os trilhos são o primeiro elemento que reflete a Cristo e sua palavra. Um trem não pode ir aonde não há trilhos, e igualmente nós não possuíamos a capacidade de nos salvarmos, de trilhar um caminho até Deus, pois nossos pecados nos incapacitavam, mas Jesus Cristo veio ao nosso meio e construiu a via, sob dores e sangue, de forma que nós agora temos um meio de salvação. Esse trilho não foi construído com ferro e dormentes de madeira, mas foi construído com a cruz de Jesus e com a Palavra de Deus revelada, que é nosso guia, os trilhos por onde devemos andar imitando ao Filho até o Pai. Lembremo-nos do que Ele mesmo disse a seu respeito: “Jesus respondeu: — Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” João 14.6
                    A locomotiva é o segundo ponto que me fez pensar, pois os trilhos foram construídos não para serem um caminho onde as pessoas andam a pé e sozinhas, mas para ser suporte para algo que irá andar mais rapidamente e eficientemente. A Igreja de Cristo é a locomotiva do Senhor, que leva multidões a trilharem o caminho juntos, a alcançarem seu alvo juntos, e superarem longas distâncias juntos. “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem-ajustado e consolidado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio crescimento para a edificação de si mesmo em amor.” Efésios 4.15-16.
                    Quando entendemos o evangelho, para reconhecermos nosso estado de pecador e que o único meio até Deus é através de Jesus, recebemos a passagem para embarcar nessa locomotiva chamada Igreja, lá vamos seguindo, guardando os mandamentos para não descarrilharmos, chamando outros para o trem, felizes pois juntos fazemos a viagem ser prazerosa.
                    Por fim, percebi que há grandes prédios ao lado dos trilhos, algumas estações de trem, que servem como ponto de embarque e desembarque. O vagão em que estamos, a nossa igreja local, deve se atentar á essas estações, pois são importantes para trazer novos “passageiros”, mas o perigo é que há muitos vagões abandonados nas estações, que não estão nos trilhos, e seus tripulantes desembarcaram e não perceberam ainda que não estão mais viajando, que os trilhos não estão sob seus pés, que a locomotiva não está mais ligada ao seu vagão, que não é possível distinguir mais os que tem as passagens. As estações são pontos de ligação entre a igreja e o mundo, mas diferentemente dos trens que possuem vários destinos no meio do caminho, nossa locomotiva pretende levar todos á um só lugar, as “paradas” deveriam ser apenas para embarque onde os tripulantes deveriam sair brevemente para chamar outros passageiros e não lugar onde as pessoas desistem e abandonam o caminho. “Estou certo de que aquele que começou boa obra em vocês há de completá-la até o Dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1.6
                    Sei que minha comparação não é bíblica em sentido literal, e que possui várias limitações, mas gostaria que você refletisse comigo como está sua caminhada, sua igreja, seu compromisso com o perdido? Quero finalizar com um texto de Hebreus que diz assim: Portanto, não percam a confiança de vocês, porque ela tem grande recompensa. Vocês precisam perseverar, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcancem a promessa. "Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não irá demorar; mas o meu justo viverá pela fé; e, se retroceder, dele a minha alma não se agradará." Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição, mas somos da fé, para a preservação da alma. Hebreus 10.35-39



Keydhon Wilker Coldibeli
Seminarista no Seminário Teológico A.W. Tozer
Igreja Aliança Cristã e Missionária -Bauru/SP